Cardinal, o dragão que voa pelos pavilhões europeus



 

Os primeiros tempos foram de incerteza. A insegurança pairou, mas não demoveu um jogador que nasceu para vencer. A formação foi recheada de dúvida e falta de condições. Para alguns jogadores isso foi o suficiente para matar uma carreira à nascença. Para Cardinal foi o início de uma caminhada longa que, apesar dos altos e baixos, tem dado muitas alegrias. Mesmo enquanto sénior e profissional de futsal não esconde que encontrou vários entraves. Por isso, emigrar para outros campeonatos sempre foi uma opção - muito! – válida. 

Mas já lá vamos. Recuemos à época 2004/2005. Cardinal deixa a cidade do Porto e muda-se para Vizela. Assina pela Fundação Jorge Antunes onde realiza uma temporada com poucos minutos. O ordenado era o possível e tempo para estar com a família só uma vez por semana. Seguiram-se temporadas no Boavista e Freixieiro. No emblema de Matosinhos ganhou notoriedade. O jogador diz ter sido uma das melhores experiências. «Foi uma das minhas melhores passagens. Tenho boas recordações desse clube», confessou. 

As boas exibições levaram-no até ao Sporting. Corria a temporada 2012. Teve o leão ao peito por uma época. Depois começou a aventura internacional. Uma coisa é certa: assegura não se ter arrependido nem um dia de ter arriscado. Não se acanha e revela uma das principais razões que o levou a emigrar. «Tomei esta decisão porque quero dar uma estabilidade à minha família. Em Portugal não se ganha tanto e lá fora conseguimos poupar a pensar no futuro.» 

 

Rússia: O frio da rua contrastado com o calor do grupo

No dia em que o telemóvel toca a dar conta do interesse do CSKA de Moscovo, o pivot, na altura no Sporting, fica pensativo. Satisfeito pela oportunidade, mas reticente por poder jogar num campeonato de um país que pouco conhecia. «Foi a primeira aventura fora e apesar de achar que estava minimamente preparado, há sempre questões para as quais precisamos de tempo», disse. 

O frio e a língua foram os principais adversários do conhecido adepto do FC Porto. «O idioma foi muito complicado. Ainda assim, tive a sorte de dividir o balneário com mais portugueses. Para além de jogadores, ainda lá estavam dois elementos portugueses no corpo técnico», refere. 

O Pivot recuou ao tempo que passou esteve na Rússia e recordou uma surpresa. «Lembro-me de que quando fui estava com a ideia de que encontraria um povo pouco falador e muito fechado. De facto são fechados, mas os jogadores com quem partilhei balneário eram muito brincalhões. Na primeira semana fomos todos jantar e os atletas russos pagaram a conta», revela com um sorriso pelo meio. 

 

Espanha, um país tão perto e uma realidade tão diferente

Após uma temporada com a camisola do CSKA volta a Portugal e assina pelo Rio Ave. A passagem foi positiva, mas o telefone voltou a tocar com um indicativo internacional. Desta feita, de Espanha. Do outro lado davam conta do interesse do Inter Movistar. 

Desde que em 2013 aterrou em Espanha já foi campeão, venceu a Taça do Rei, foi nomeado para melhor jogador do campeonato e está a uma vitória de atingir a final da Liga. Na terra de nuestros hermanos, Cardinal deparou-se com títulos e não só. O próprio explica: «A mentalidade é muito diferente. Os clubes têm uma visão mais profissional. Há um estudo detalhado sobre os adversários e até há programas de televisão que só falam no campeonato de futsal», menciona. 

O internacional português acrescentou, ainda, que a liga espanhola «é a melhor do mundo» e tem, por isso, «outra visibilidade.» No Inter Movistar, tem a seu lado Ricardinho que considera ser «o melhor jogador do mundo de futsal», admite. Com mais dois anos de contrato o atleta pretende cumprir o vínculo, mas adianta que no desporto «tudo pode acontecer.»

 

Raios-x à modalidade em Portugal e a mágoa de nunca ter jogado pelo FC Porto

Cardinal é um apaixonado pelo futsal e não abraçou a modalidade como uma segunda opção. Foi sempre a prioridade e, por isso, é um observador atento. No futsal nacional vê uma grande lacuna. «Entristece-me olhar para Portugal e ver uma falta de aposta na formação. E isso vai pagar-se caro. A formação deve ser o futuro e é bom que comecem a olhar para os jovens como promessas.» O jogador do Inter Movistar diz que se não for dada importância aos escalões mais jovens, a seleção nacional também ficará a perder. «Neste momento a seleção não está tão forte porque alguns dos principais jogadores já não são opção, mas a oferta também não é tanta como já foi», avisa. 

Com uma carreira imaculada, o facto de o FC Porto não ter equipa de futsal é a sua grande mágoa. «Como todos sabem sou portista e o meu maior sonho era jogar com a camisola do meu clube. Acredito que esse projeto avance e só espero estar em forma para ainda poder dar o meu contributo», finaliza com uma gargalhada.

 

Abola.pt

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