AD Fundão e Leões de Porto Salvo dividem ponto num duelo de duas equipas agarradas à identidade até ao último segundo
O jogo nasceu quente, vivo, directo ao essencial. Um Fundão agressivo na pressão, um Leões disponível para acelerar sempre que tinha metros para correr. Logo aos primeiros minutos, a partida mostrou o que iria ser durante 40’: duelos, transições e guarda-redes em modo protagonista.
Aos 03’, Javier deixou o primeiro aviso, num remate rasteiro que passou a centímetros do poste. Pouco depois, Jaime Arthur respondeu com a sua assinatura: remate forte de longe, a rasar a baliza dos Leões. O Leões devolveu o perigo com a mesma moeda: aos 08’, Sá surgiu em zona frontal, mas encontrou Jaime Arthur gigante, numa de muitas defesas decisivas do guarda-redes fundanense. No minuto seguinte, Henrique tirou um coelho da cartola, bailou entre adversários e atirou ao poste - o primeiro grande frisson do público.
O jogo mudou aos 11’: Welinton caiu na área e o árbitro interpretou como simulação, exibindo o segundo amarelo. Superioridade numérica para o Leões e… golo imediato. Rubén Teixeira, inteligentíssimo no ataque à zona, fez o 0-1 e gelou o pavilhão. Mas a resposta fundanense não demorou: aos 12’, Jaime Arthur soltou um míssil de meia distância e empatou o jogo. Identidade pura do Fundão - raça e crença.
Até ao intervalo, a partida alternou domínio, mas com guarda-redes em destaque: Jaime Arthur, do lado serrano, e João Ribeiro, do lado de Oeiras, seguraram o empate com defesas de enorme qualidade.
A segunda parte arrancou como a primeira: com golo. No primeiro lance ofensivo, canto curto do Leões, combinação entre Hiroshi e pivot e Ruan fez o 1-2, num gesto praticamente sem ângulo. O Fundão voltou a responder, como sempre responde - com resistência. Aos 23’, novo remate explosivo de Jaime Arthur, bola prensada em Isaías e Sissi encostou para o 2-2.
O jogo manteve a rotação alta, com Jaime Arthur monstruoso a negar o 2-3 a Ruan num lance de puro reflexo. Mas o melhor ainda estava para vir. Aos 33’, o Fundão assinou ua reviravolta: lateral batido por Uesler, ressalto que viaja até Gui Torres, e Mário Freitas, oportuno e experiente, desviou para o 3-2, reviravolta completa no pavilhão.
Só que o Leões, de personalidade vincada, reagiu em 30 segundos: Carrilho, a surgir como pivot puro, recebeu de Anderson e fez o 3-3. Um jogo que não merecia derrotado ficava outra vez empatado.
O final foi um teste emocional. Rúben Teixeira esteve perto do golo da noite aos 38’, e aos 39’ Jaime Arthur assinou a defesa do jogo — um voo absurdo a negar Hiroshi, mantendo o empate e segurando o ponto.
Uma partida com identidade das duas equipas: o Fundão que nunca desiste, o Leões que nunca baixa o ritmo. E no meio de tudo isto, um protagonista em letras grandes: Jaime Arthur, líder, guarda-redes, jogador-âncora — segurou o ponto, salvou três golos certos e ainda marcou.
Figura do Jogo — Jaime Arthur (AD Fundão)
Autor de um golo, responsável por três defesas absolutamente decisivas, gigantesco no 1x1, seguro na reposição e emocionalmente determinante. A alma da equipa.