Três esteios para uma baliza — Bernardo Paçó, Edu Sousa e André Correia falam sobre o presente e o futuro de Portugal, para o Jornal Abola



A poucos meses do Campeonato da Europa de Futsal 2026, a Seleção Nacional continua a preparar o caminho para defender o estatuto de bicampeã europeia.

Com apenas duas vagas disponíveis para guarda-redes na lista final, Bernardo Paçó, Edu Sousa e André Correia partilham a responsabilidade — e o orgulho — de representar uma das posições mais emblemáticas do futsal português.

Em entrevista conjunta, os três guarda-redes abordam a rivalidade saudável que os une, a importância da baliza nacional e a preparação para os dois testes com a Letónia, adversário que também marcará presença na fase final do Euro.


“A nossa baliza está preparada”

André Correia: “Vamos estar num país que será anfitrião do Europeu. Isso é logo um ponto positivo — percebermos o ambiente, a cultura e até a meteorologia. A Letónia é uma equipa dura, com jogadores fortes, e será um teste exigente. Só um Portugal no máximo das suas capacidades pode tirar o melhor proveito destes jogos.”

Edu Sousa: “É uma equipa muito forte fisicamente, com jogadores de qualidade, alguns até a jogar fora do país. O mais importante é focarmo-nos em nós. Estes dez dias de estágio são incríveis para trabalharmos o que precisamos de melhorar e para reforçar a nossa identidade.”

Bernardo Paçó: “É bom jogarmos contra seleções que também estarão no Europeu. Muitos dos jogadores letões atuam em ligas menos mediáticas, mas com qualidade. São desafios que nos obrigam a crescer.”


“Entre nós há camaradagem e respeito”

Apesar de disputarem o mesmo lugar, os três guarda-redes revelam uma relação de companheirismo e admiração mútua.

André Correia: “O Edu é enorme. Coloca-se à frente da baliza e parece que não sobra espaço para a bola passar. É muito difícil marcar-lhe. O Bernardo é parecido comigo, tem reflexos incríveis e joga muito bem com os pés. É um guarda-redes completo.”

Edu Sousa: “O Bernardo é incrível. Se eu tivesse as qualidades que ele tem, não passava uma bola [risos]. É rapidíssimo e tem reflexos absurdos. O André tem uma personalidade fortíssima — nunca se vai abaixo, está sempre a lutar e isso inspira toda a gente.”

Bernardo Paçó: “Concordo com o que disseram. O André tem uma energia e confiança que contagiam. O Edu, por seu lado, é um guarda-redes com um posicionamento inacreditável. Está sempre bem colocado e transmite segurança. Trabalhar com eles é um privilégio.”


“Há muito tempo que a baliza de Portugal está segura”

André Correia: “Seja qual for a decisão do míster, a baliza de Portugal está segura. Temos nomes capazes de dar conta do recado e isso é o mais importante.”

Edu Sousa: “Qualquer seleção que enfrente Portugal sabe que a nossa baliza está preparada. Seja quem for o escolhido, o nível é altíssimo.”

Bernardo Paçó: “Há muitos anos que temos grandes guarda-redes na Seleção. Essa qualidade mantém-se e dá-nos tranquilidade para o futuro.”


André Correia: “Trabalhar com o Léo Gugiel ajuda-me a crescer diariamente”

No Benfica, André Correia partilha a baliza com Léo Gugiel — uma concorrência que considera saudável e essencial para a evolução.

“O Léo é um guarda-redes enorme, fundamental para o título que conquistámos. Trabalhar com alguém da sua qualidade ajuda-me a crescer todos os dias. No Benfica, a competitividade é constante, mas saudável — puxa o melhor de nós e prepara-nos para estar na Seleção.”

Correia destaca ainda o ambiente familiar vivido no grupo de trabalho nacional:

“Vir à Seleção é como estar em casa. É um grupo que se apoia, que torce pelo sucesso uns dos outros. Essa união explica muito do sucesso que tivemos nos últimos anos.”


Edu Sousa: “Quando vi Jorge Braz na bancada foi chocante”

Formado em Espanha, Edu Sousa começou no futebol antes de trocar o relvado pelo futsal. A chegada à Seleção Nacional foi um momento que nunca esquece.

“Sempre vivi em Espanha por motivos familiares, e foi lá que fiz toda a minha formação. Um dia, num jogo de pré-época, olhei para a bancada e vi o míster Jorge Braz a assistir. Foi chocante — não fazia ideia de que ele estava a seguir-me há mais de um ano.
Quando alguém faz tantos quilómetros só para ver-te jogar, é impossível não dar 100%. Estar na Seleção é um orgulho e um sonho. Quero continuar a trabalhar para merecer este lugar.”


Bernardo Paçó: “Benedito e Guitta foram a minha escola”


O guarda-redes do Sporting CP cresceu a observar dois nomes lendários da baliza leonina — João Benedito e Guitta — e não esconde a influência que ambos tiveram na sua carreira.

“O João Benedito foi uma inspiração. O Guitta, uma verdadeira escola. Trabalhar com ele ajudou-me a crescer imenso. Foi o melhor guarda-redes que passou por Portugal e o melhor do futsal moderno.
Aprendi muito com a forma como ele lia o jogo e me ensinou a criar vantagens com os pés. Marcar golos é apenas um detalhe — o importante é dar soluções à equipa e ajudar a sair da pressão.”

Paçó marcou recentemente pela Seleção frente aos Países Baixos e também já o fizera na Supertaça, frente ao Benfica.

“É uma das minhas particularidades: ajudar a equipa com os pés. Mais do que fazer golos, o objetivo é criar superioridades e abrir espaço para os colegas.”


Três guardiões, uma só missão

Com o Euro 2026 à porta e apenas duas vagas disponíveis, a decisão final será difícil.
Mas o que fica claro nesta conversa é que, mais do que uma disputa, existe um compromisso coletivo — proteger a baliza de Portugal e continuar a elevar o nome do futsal nacional.

“Seja qual for a escolha, Portugal estará sempre bem guardado”, resume Edu Sousa.


Texto adaptado de “A Bola”, 18 de outubro de 2025
Edição original de Rafael Batista Reis | Adaptação editorial: Zona Técnica Futsal Portugal


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