Ricardinho: "Depois deste projeto as pernas já não aguentam"



Futsalista marcou presença no Record Summit

Ricardinho marcou esta segunda-feira presença no Record Summit, durante o qual falou das lesões, da dificuldade que foi deixar a Seleção e do que espera para o futuro.

Operação antes do Mundial
"Foram momentos muito duros, eu felizmente por um lado e infelizmente por outro tive muito poucas lesões, mas as que tive foram muito graves. Parti a perna, tive uma rotura abdominal e outra no tendão. A primeira fez-me perder um Europeu, jovem, e a última ia tirar-me a possibilidade de jogar o último Mundial. Esta última terminou da melhor maneira, e se soubesse que ia terminar assim nem tinha conversado com as paredes. Mas foram momentos muito duros em que me tive de isolar um pouco, trabalhar muito a parte mental como a disse a Vanessa, porque são momentos em que a gente sabe que está mais perto de competir depois de toda uma carreira, depois de em crianças pensarmos no nosso sonho, em sermos uma referência para o nosso país e estar próximo de representar o nosso país… Foram momentos de sacrifício, momentos em que pensei que se calhar não era capaz, mas ao mesmo tempo sabia do foco que tinha, sabia o que queria, a meta onde queria chegar, só não sabia o resultado ou se seria capaz de dar o meu contributo como as pessoas estão habituadas. Já sabia da exigência em cima de mim, era uma exigência enorme, mas penso que o desporto é coletivo, mas se todos individualmente estivermos no nosso melhor é mais fácil e foi o que aconteceu. Foi uma conquista brilhante".

Deixar a seleção foi a decisão mais difícil?
"Sem dúvida alguma e a mais pensada, mas a mais difícil será quando deixar de jogar, porque é a mais difícil de preparar, deixar de representar o meu país foi muito duro, mas nós atletas temos que nos capacitar que não somos para sempre, o desporto não nos pertence a nós, somos uma passagem. Mas nunca é fácil, porque é o melhor lugar para estar, representar o país é o patamar mais alto numa carreira desportiva e eu infelizmente falhei muitos jogos pela Seleção, alguns deles inicialmente por problemas familiares e mais tarde algumas lesões. E eu pagaria para ter a oportunidade para estar mais tempo na seleção. É o conselho que dou aos mais jovens, nunca pensem muito quando tiverem oportunidades, e quando tiverem aproveitem ao máximo. Mas temos de ser homens o suficiente para saber sair, e quando não estivermos no nosso melhor, temos de dar oportunidade aos outros".

Desgaste psicológico no Mundial

"Esse Mundial foi muito difícil para todos, porque estávamos na altura do Covid, mas já vinha de uma decisão difícil, que foi a mudança de Espanha para França, o problema que tive no clube, a lesão, tudo isso me pesou bastante. Já vinha a analisar há algum tempo quando é que seria o momento ideal para deixar de jogar na Seleção. Não sei se seriam ambas ao mesmo tempo ou uma depois da outra, como foi o caso, mas já vinha a ponderar. Mas terminei completamente esgotado, muitas viagens, lesões, é o mais difícil de superar e o pior para atletas. Mas sempre disse que não me ia arrastar no desporto e naquele momento sentia que já não tinha mais nada para dar de extraordinário à Seleção. Sabia que era capaz de estar lá e ajudar noutros aspetos, mas sei que a maioria das pessoas quando olha para o desporto é se joga bem ou mal, se marca golos ou não, e senti que era a melhor altura. Já tinha tomado a decisão antes do resultado fantástico que tivemos, tomei-a antes dos quartos de final, falei na altura com o nosso psicólogo e foi difícil. Foi sem dúvida a decisão mas difícil que tomei até hoje".

Teremos Ricardinho mais anos?
"Sendo sincero, não. Tomei a decisão de aceitar este último desafio em Itália, nunca tinha jogado no campeonato italiano, já ganhei o português, o espanhol, na Letónia, em França, e queria deixar este legado difícil. O único recorde que fui atrás foi numa oferta para jogar a Champions League, em que poderia ser o melhor marcador de sempre da Champions e surgiu, aí sim fui atrás, mas o resto vai saindo, as conquistas vêm. Mas gostaria de este feito de ganhar quase todas as ligas de topo, não consegui jogar a brasileira e aceitei este projeto por isso, mas depois deste projeto as pernas já não aguentam".

Noticia: record.pt

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