Posto Santo acaba com Futsal Feminino, Direção responsabiliza Jogadoras e estas defendem-se pedindo Igualdade.



Paulo Mendes, deputado do Bloco de Esquerda da Assembleia Legislativa Regional dos Açores, numa discussão a propósito da igualdade de género no desporto açoriano e respetiva politica de apoios, acusou o Clube Desportivo do Centro Comunitário do Posto Santo de acabar com a sua equipa feminina para beneficiar a masculina.

O clube respondeu, com um comunicado ao jornal Diário Insular, considerando que as declarações “revelam um claro desconhecimento da realidade” da instituição. No comunicado, pode ler-se que fizeram “prova nos locais competentes de que as verbas atribuídas ao clube para a equipa feminina foram inteiramente utilizada com a mesma” e que a razão da não continuidade da equipa de futsal feminino se prende “úncia e exclusivamente com o facto de um grupo de atletas ter pedido um valor exorbitante para continuar no clube (três mil euros com prémios e assinatura), sendo ainda que duas ingressaram no Sporting Clube de Portugal, ao passo que outras, atendendo ao quadro criado, optaram por abandonar a modalidade”.

As jogadoras visadas, em conversa com a Zona Técnica, declararam: 
“Nós (equipa feminina) como a única equipa açoriana que participou na primeira divisão a época transacta recebemos um apoio público de cerca de 40 mil euros. Os quais serviram para variadas coisas como pagar a atletas masculinos para assinar no clube, quando nós o pedimos (o mesmo valor) foi considerado um valor excêntrico para o futsal feminino.”

Antes disso, já as jogadoras tinham reagido ao comunicado da Direção, com uma Carta aberta ao clube, também ela publicada no jornal Diário Insular, que aqui transcrevemos na íntegra:

“Carta aberta ao Clube Desportivo do Centro Comunitário do Posto Santo.
Porque vimos o nosso bom nome envolvido, vimo-nos na obrigação de repor a verdade dos factos. O que nos leva a trocar os tempos de lazer, os aniversários de familiares e amigos/as, entre tantas e outras coisas, não é, nunca foi, nem nunca será o dinheiro nem o reconhecimento, o futsal para nós é muito mais do que isso. Os rumores e boatos acerca das nossas exigências “excêntricas” não fazem qualquer sentido quando honramos a mesma camisola durante tantos anos, mantivemos a nossa identidade, a nossa humildade e querer, o que nos caracteriza enquanto equipa e que nos fez levar a uma tão almejada primeira divisão. É com muito agrado e orgulho que vemos atletas do nosso grupo singrar na modalidade e ingressar no Sporting Clube de Portugal, atletas estas, que se não fosse este mesmo motivo manter-se-iam connosco, inclusive acompanharam-nos na transição para o clube que agora representamos. Além de mais, as continuidades, ou não, das atletas que abandonaram a modalidade são situações que estavam já previstas antes de a época acabar, sem saber em que clube jogariam, o que deita por terra a teoria que a direção do clube expôs. Negamos qualquer investimento exorbitante na equipa feminina que leve a que a quantia tenha sido inteiramente gasta com a mesma, como afirmado em carta aberta a este mesmo jornal no passado dia 14/09/2017. Mais se esclarece que não viajamos em classe executiva, não ficamos em hotéis, não tivemos equipamentos das mais conceituadas marcas desportivas e não tínhamos ordenado. De facto, fizemos exigências, não negamos. Exigimos igualdade. Essa foi a nossa grande e única exigência, ao contrário do que diz a direção do respetivo clube, que exagerou nas quantias divulgadas. Exigimos apenas os mesmos valores que a equipa masculina iria receber, os quais não revelamos por respeito à mesma instituição, mas por transparência poderá, a Direção, torná-los públicos. Enquanto equipa entendemos que devíamos receber exactamente o mesmo valor, uma vez que estivemos no maior escalão do futsal português, levando nas costas a palavra “Açores” que origina o tão falado apoio público, destinado, ou pelo menos assim indicado, para a equipa feminina do Posto Santo. No entanto, se a nossa decisão se remetesse unicamente para o factor dinheiro, não teríamos contactado outros clubes, à procura de estruturas e condições, sem que a palavra dinheiro dominasse a nossa motivação. De facto, na base da decisão esteve a discriminação de género! O mesmo clube, a mesma modalidade, o mesmo escalão: quantias diferentes entre os géneros! Agradecemos todo o suporte que nos foi dado, todas as condições boas, ou menos boas, mas sempre as possíveis para que pudéssemos desfrutar da experiência de uma primeira divisão. Foram anos de algumas tristezas e de muitas alegrias indescritíveis em que fechamos este ciclo APENAS porque não compactuamos com a discriminação de género. Agradecemos a todas as pessoas que nos apoiaram e encheram as bancadas, às quais devemos o presente esclarecimento. Desejamos os maiores sucessos desportivos ao clube desportivo do Centro Comunitário do Posto Santo.”

 

Com esta desistência contam-se já 5 equipas das 16 que participaram na edição de 2016/17 do Campeonato Nacional de Futsal Feminino que desistem desta vertente da modalidade. Qual o futuro do futsal feminino?


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